09 fevereiro 2009

Guri & Chita


O menino estava perdido, a savana se abria em sua frente. Guri. Esse era o nome do garoto...
Ele sabia que estava perdido, se não encontrasse os temíveis leões, iria encontrar hienas, leopardos ou outros predadores.
E também não tinha água... Ele nem se lembrava mais como havia se perdido de seus pais, o sol esquentava.
Uma sombra esguia vinha lentamente pela savana, Guri conhecia aquele passo gingado. Era uma chita, um guepardo.
Agora ele sabia que não tinha mais jeito.
Também não tinha medo, não tinha medo de morrer.
O guepardo foi chegando, devagar, como raramente faziam... Aquele não estava com fome.
Quando chegou mais perto guri viu que se tratava de uma fêmea.
A chita olhou bem o garoto, sabia que era um filhote humano, e sabia que ele não resistiria muito tempo ali no meio do sol, se o sol não o matasse alguém o mataria.
Guri se perguntava por que o animal não atacava.
O animal se perguntava por que o garoto não tinha medo.
Mas ambos se perguntavam por que estavam ali, olhando um ao outro.
Guri levantou a mão e tocou o focinho da guepardo, ela gostou, era como se sentisse que aquele filhote fosse seu. Não podia deixar que ele morresse ali.
Ele era pequeno o bastante para montar nela. E ela sabia onde ficavam os humanos.
Ele sabia o que ela queria que ele fizesse, sabiam um o que o outro queria.
O vento batia no rosto de Guri, ele gostava, em minutos haviam chegado.
Os guerreiros ergueram as lanças, as mulheres choravam, guri não deixaria que a machucassem.
Quando todos haviam acalmado e o menino já se encontrava bem, a chita voltou para a savana, e a partir que andava sumia com o vento.
— Sua mãe foi atrás de você quando sumiu, a acharam morta na savana, morta por guepardos. - o chefe da aldeia explicava.
Guri entendia.
Texto e Imagem: Douglas Soares