25 julho 2007

Ao Estilo Anão

– Balin! – Lóni, gritava enquanto as batidas venciam a porta. – Balin! – Do lado de fora, uma miríade de orcs cobiçavam suas vidas entre gargalhadas e sons de tambor. Lóni olhou para trás e viu Ori fechando o diário, estremecendo de ódio e temor. Não haveria nenhuma canção para eles, os últimos anões de Moria. Seus corpos estavam fadados ao desterro, sem lágrimas.
– Deixe-os entrar, Lóni! Balin está morto. – Ori levantou-se tentando ignorar a dor que atravessava suas costelas onde a lança de um orc havia perfurado a cota de malha e bateu a imensa marreta de guerra nas mãos, esperando que o peso da arma lhe desse a força necessária. – Vamos mostrar como morrem os anões de Moria.
Frár e Náli tinham os rostos emporcalhados em sangue orc e cavados pelas lágrimas. Mas aquelas palavras foram o suficiente para fazerem se recompor. Os quatro anões colocaram-se de pé, como um anão deve esperar sua morte. Ori balançou a cabeça confirmando seus piores temores, não havia qualquer esperança de saírem daquele lugar.
– Lóni? – Ori colocou a mão sobre o ombro do irmão e olho-o nos olhos. – Você deve levar o corpo de Balin para a câmara de registros, deve deixar esse diário com ele. Um dia, talvez, alguém possa lamentar a morte de Balin, filho de Durin, apropriadamente.
– Com mil martelos, eu vou ficar e lutar! – Ori sorriu. Sabia que o desejo de Lóni era ficar e morrer, como os outros e lamentava ter que pedir algo tão diverso para ele. – Vá você, Ori! Você é o mais rápido de nós quatro, também é o mais habilidoso. Nós vamos segurar os desgraçados até você chegar a câmara dos registros. Pelas barbas de Balin, eles vão pagar essa morte com muito sangue!
– Ao estilo anão! – Náli assentiu com um sorriso.
Frár concordou com uma gargalhada insandecida e desesperada.
Ori queria morrer com os seus amigos, mas não disse mais nada. Sabia que de nada adiantaria discutir; estavam perdendo tempo. Apanhou o corpo morto do seu senhor e pousou-o nas costas com uma delicadeza inesperada para seres tão brutos. Seus pés se moveram com velocidade, apesar dos ferimentos, na esperança de que pudessem voltar a tempo para a batalha. Não olhou para trás nenhuma vez, tinha medo de que se o fizesse perdesse suas forças.
Lóni, Náli e Frár olharam para a porta que estava prestes a ceder e não viram Ori desaparecendo pelo outro lado da ponte. Os três anões esperaram pela morte que vinha alcança-los a passos longos. Agora só havia um caminho a seguir e ele não os levaria para casa.
– Talvez ninguém nunca saiba sobre a nossa morte! – Lamentou Frár, testando o fio de sua espada.
– Então, vamos ao menos dar a esses orcs, razão o suficiente para cantar a sua vitória! – Sorriu Náli. Os três gargalharam, cantando a canção de Moria quando as portas finalmente se escancararam. Era a bocarra negra da morte, os seres perdidos do senhor da escuridão, vindo das fossas infernais em busca de suas almas. Mas eles não as entregariam facilmente. Eles morreriam sim, isso era certo!
Mas ao estilo anão!


Texto: Diego Guerra (Digs)